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Entrevista MBigucci News – Dan Stulbach: Um “louco” surpreendente

DAN

No palco, em “Morte Acidental de um Anarquista”, Dan Stulbach revela seu lado mais cômico, interpretando um louco, cuja insanidade é a paixão por viver vários papéis. Já na vida real, a “loucura” não é muito diferente. Dan também vive vários “papéis”: é ator, diretor, apresentador, jornalista, comentarista esportivo, dublador, marido, pai… Formado em Comunicação Social pela ESPM, atualmente, além do teatro, Dan está no Rádio, na TV e no Cinema.

Na Rádio CBN, é comentarista do “Hora de Expediente”, com os amigos Luiz Gustavo Medina e José Godoy, programa exibido diariamente pelas manhãs. Ainda pela CBN, apresenta às sextas-feiras o “Fim de Expediente”, um programa ao vivo com convidados e plateia no Teatro Eva Herz, onde também exerce a função de diretor artístico. Já na TV, Dan comanda o “Bola da Vez”, na ESPN, entrevistando personalidades do esporte e também está no Paramount Channel, apresentando o Cine Rooftop programa sobre cinema, ao lado dos atores Maria Fernanda Cândido e André Frateschi.

Por falar em cinema, ele estreia em dezembro de 2016 o filme “O Vendedor de Sonhos”, uma adaptação do livro de Augusto Cury. No começo de 2016, Dan também esteve na telona, dublando o personagem “Bagheera”, a pantera de “Mogli, o Menino Lobo”, refilmagem da Disney. “Inquieto e atento a tudo a sua volta”, assim é Dan Stulbach, como ele mesmo se define. Foi com grande atenção e carinho que Dan Stulbach recebeu nossa equipe no camarim do Teatro Folha, logo após uma das apresentações de “Morte Acidental de um Anarquista”. Confira a entrevista exclusiva:

MBNews: “Morte Acidental de um Anarquista” tem um formato diferente. A interação com o público começa antes mesmo da peça iniciar, com música e um bate-papo sobre os bastidores da produção. Por que optaram por esse formato?
Dan: A gente queria muito uma proximidade maior com a plateia. Quando a plateia já entende a história, como a peça foi feita, engrandece o trabalho do autor. Você entende tudo o que ele pensou. As pessoas aplaudem o espetáculo, o texto dele, a inteligência dele. Isso é muito bom. A gente também queria dizer para as pessoas, por mais óbvio que pareça, porque escolhemos fazer essa obra. Tem gente que pensa que tanto faz fazer uma obra ou outra, mas não. Então explicamos: escolhemos essa obra por que a gente quis dizer isso… porque essa a obra é legal… porque a gente é amigo.. porque quis trabalhar junto…. Tudo isso aproxima a gente da plateia; não tem essa distância que hoje em dia é um pouco promovida pela celebridade, e tudo mais. A gente quebra tudo isso. Eu gosto muito desse começo, sou muito orgulhoso dele. A parte musical se deve toda ao Rodrigo Geribello, do piano, que é um gênio. No início, a gente tinha ideia de tocar e cantar alguma coisa, mas com o elenco no palco, e acabou indo para esse caminho de receber o público com música fora do teatro. Isso mostra para as pessoas que é uma outra energia que está acontecendo aqui.

MBNews: Em cena, como o “Louco”, você interpreta vários papéis e sua interação com o público é total, tornando a peça ainda mais cômica. Fica nítido também que vocês se divertem o tempo todo no palco. O que isso representa para você?
Dan: Eu me divirto muito, muito, muito. Acho que o segredo é a diversão e a concentração: concentração no público, concentração no outro ator. Sou muito ligado no que está acontecendo, na vida eu sou assim. É uma característica que eu tenho, essa, da atenção. No palco é assim também. Quanto à interação, às vezes você tem um texto, que não te permite isso, mas esse aqui (Morte Acidental de um Anarquista) permite, e até brinca com isso. Eu posso aproveitar tudo o que acontece em volta: frases, brincadeiras, tudo… Eu gosto disso. Esse é o lance do teatro. No cinema, isso não existe, na televisão, isso não existe. Mas no teatro estamos vivos, estamos aqui, está acontecendo agora, por mais que a gente esteja criando uma ilusão. Gosto de estar presente para usar isso. No colégio, quando comecei, eu era conhecido por improvisar muito. Fazia muito tempo que eu não podia improvisar tanto quanto nesta peça.

MBNews: Você já completou mais de 20 anos de teatro. O que foi mais difícil nesse caminhar?
Dan: Comecei nessa mesma Rua (do Teatro Folha – Rua Higienópolis), no Colégio Rio Branco. Minha primeira cena de teatro mesmo foi há 22 anos. O mais difícil, acho que quando você começa, é uma agonia porque você não conhece o mundo. Você é assustado com o mundo. O mundo do teatro era muito longe da minha vida, não tinha nenhum amigo ator, minha família não tinha ninguém dessa área, não tive nenhum amigo do tio, amigo do pai, não tinha ninguém. O mundo do teatro era muito estranho, então eu procurava as pessoas para conversar. Agora, se eu fosse moleque, estaria aqui na porta do teatro esperando o ator sair para conversar com ele. Eu fiz muito isso porque eu queria me aproximar desse mundo, ver como era. Tenho saudades desse momento, não acho que foi difícil, mas foi sonhador. Mas…o que foi difícil? É uma ótima pergunta. Acho que o mais difícil mesmo é que depois que tudo acontece, você vive em função que aconteça. Quando acontece, essa busca acaba, e você precisa substituir essa busca por outra, e isso dá uma pane um pouquinho, porque aparecem muitos convites com pessoas que você adoraria trabalhar. Aí, você começa a trabalhar para caramba e você se dá conta que não está fazendo mais exatamente o que você quer, você está fazendo os sonhos dos outros e você tem que se redescobrir.

MBNews: E de onde vem essa sua “inquietude criativa”, que faz tudo ao mesmo tempo: é ator, diretor, apresentador, comentarista esportivo, jornalista, dublador…
Dan: Eu sou ator, é o que eu boto na ficha do hotel. O resto, eu dou uma enganada! Eu sou inquieto mesmo, às vezes eu sou exagerado nisso. Às vezes eu não aproveito algumas coisas que podem ser simplesmente aproveitadas e fico querendo mais delas do que elas podem me dar.

MBNews: É Verdade que você estará de volta à Globo para a futura novela das 21h? À Flor da Pele, de Glória Perez?
Dan: Todo mundo está falando isso, mas ninguém me avisou ainda (risos). Não sei, se o papel for legal, tudo for legal, tomara que sim, vamos ver o que acontece, mas ainda não sei de nada.

MBNews: Você gosta muito de talk shows. Circulou na mídia que você gostaria de fazer o Programa do Jô.
Dan: Eu fui perguntado em uma entrevista na Rádio Jovem Pan, assim: Se o Jô te chamasse para substituí-lo você topava? Eu falei sim, se ele me chamasse para substituí-lo, sim, iria adorar, se ele me chamar para substituí-lo, seria uma honra. Foi isso que eu respondi. Se isso acontecesse, sim. Mas se eu planejo isso para minha vida, se eu projeto isso? Não, não. Tá tudo bem. Quem sabe um dia eu até tenha um talk show, não sei, mas não é um projeto que eu leve adiante, não estou fazendo nenhum piloto de nada. Vamos deixar correr. O que eu mais gosto mesmo é de atuar.

MBNews: E essa história de sósia do Tom Hanks? Você também se acha parecido?
Dan: É uma brincadeira, sou parecido mesmo com o cara, até uso isso na peça. As pessoas riem, se divertem, eu também. Tá tudo bem.

MBNews: Você trabalhou bastante com Paulo Autran, por quem você tem grande admiração. Como era essa relação? Há alguma poesia, frase, história marcante?
Dan: O Paulo, no convívio, não era um cara muito poético, o Paulo era um cara muito prático. Eu aprendi muitas coisas com ele. A gente dividiu camarim por quase um ano e pouco, além das conversas e jantares. A gente tinha realmente bastante proximidade. Ele via em mim um bom ator, me dava muita força, isso era um grande elogio para mim. Ele me ensinou que teatro é trabalho. E é como eu vejo: tratar todo mundo muito bem, atender bem as pessoas, ser digno com o respeito, o carinho que o outro traz quando escolhe tua peça para ver. Os aprendizados todos dele são mais práticos do que propriamente poéticos. Eu sempre fui muito pé no chão então meu convívio com ele foi muito fácil por causa disso. Eu chegava antes ao teatro, ele também, a gente tinha ótimas conversas, muitas histórias de teatro. Tem uma história do Paulo que eu adoro e exemplifica bem o lado prático dele: O Paulo encontrou com um outro ator famoso, que também tinha uma companhia, em um teatro, acho que em Sorocaba. Quando o Paulo chegou, com a companhia dele, essa outra companhia estava saindo. E aí o Paulo perguntou: você gostou desse teatro? Esse outro ator falou assim: eu adorei esse teatro porque ele é muito mágico, esse teatro tem fantasmas, tem histórias, esse teatro é mágico. Aí, o Paulo ficou ouvindo, tal, e perguntou: Fantasmas?… O ator disse: fantasmas, porque aqui diversos atores subiram no palco, esse teatro é mágico… Aí esse ator foi embora, o Paulo reuniu o elenco e disse: bom, gente, agora tem montagem de luz, a gente se encontra às 19 horas para repassar o texto e o primeiro ator que falar em fantasmas nesse teatro está despedido.

“Morte Acidental de Um Anarquista”
A comédia conta a história de um louco, cuja doença é interpretar pessoas reais. Detido por falsa identidade, na delegacia se passa por um falso juiz na investigação do misterioso caso do anarquista. A polícia afirma que ele teria se jogado pela janela. A imprensa e a população acreditam que foi jogado. O que teria acontecido realmente? O louco vai enganando um a um, assumindo várias identidades e brincando com o que é ou não real, acaba descobrindo a verdade. A peça é montagem do texto de Dario Fo, um dos dramaturgos e comediantes italianos mais importantes da atualidade. Prêmio Nobel de Literatura em 1997, Dario Fo faleceu recentemente, em outubro de 2016. Elenco: Dan Stulbach (louco), Henrique Stroeder (delegado) Riba Carlovich (secretário de segurança), Marcelo Castro (comissário) e Maira Chasseraux (jornalista), Rodrigo Bella Dona (e Rodrigo Geribello (música ao vivo). Direção: Hugo Coelho. Com mais de um ano de apresentações por todo o Brasil, a peça ficará em cartaz em janeiro e fevereiro de 2017, no Teatro Tuca, Rua Monte Alegre, 1.024 –Perdizes, São Paulo.

Morte Acidental de um Anarquista - 30-09-2016 (38)
Colaboradores da MBigucci assistiram e recomendam: “Peça super atual e interativa, apesar de o texto ser antigo. Atores com atuação fantástica. Melhor programa para o fim de semana”, afirma a engenheira Sheila Santos.

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